Como Estruturar Sua Fintech Financeira do Zero: Guia Completo para Correspondentes Bancários
Se você é correspondente bancário e está buscando expandir seus horizontes no mercado de crédito consignado, este artigo é para você. Com base em uma conversa rica de insights com Rafael Monteiro, superintendente comercial do J17 e um dos principais especialistas no setor, vamos explorar passo a passo como estruturar sua própria fintech financeira a partir do zero. Rafael compartilha sua trajetória, visão do mercado, dicas práticas e estratégias para quem quer não só sobreviver, mas prosperar nesse cenário dinâmico e competitivo.
Índice
- Quem é Rafael Monteiro e Sua Trajetória no Mercado de Crédito Consignado
- O Mercado Atual de Crédito Consignado e a Evolução das Fintechs
- Primeiros Passos para Estruturar Sua Operação de Crédito
- Erros Comuns ao Montar Sua Própria Fintech
- Ferramentas e Tecnologias Indispensáveis para o Sucesso
- O Que Diferencia uma Operação Estruturada de um Correspondente Comum?
- Como se Destacar em um Mercado Competitivo
- O Futuro dos Correspondentes Bancários: Fintechs Regionais e Nichadas
- Modelos de Parceria e Fontes de Receita para Escalar a Operação
- Conclusão
- FAQ – Perguntas Frequentes
Quem é Rafael Monteiro e Sua Trajetória no Mercado de Crédito Consignado
Rafael Monteiro iniciou sua carreira há cerca de quatro anos, quando ingressou na KTEC, em um momento em que o mercado de fintechs estava apenas começando a ganhar força. Passando por posições estratégicas, como coach consignado, gerente comercial na Y3, e atualmente superintendente comercial do J17, Rafael tem uma vasta experiência em estruturar operações próprias de crédito consignado envolvendo diferentes produtos.
Ele destaca que seu percurso foi marcado por desafios e aprendizados constantes, começando com concursos seletivos e treinamento intensivo, até assumir responsabilidades na criação e gestão de operações de crédito para grandes players e fintechs. Essa bagagem o torna uma referência para quem deseja montar uma estrutura financeira sólida e eficiente.
O Mercado Atual de Crédito Consignado e a Evolução das Fintechs
O mercado de crédito consignado, antes dominado exclusivamente pelos grandes bancos, vem passando por uma revolução graças às fintechs. Rafael ressalta que o correspondente bancário hoje tem um papel cada vez mais próximo ao de um banqueiro, mas sem a necessidade de abrir um banco tradicional.
Graças à tecnologia e à flexibilidade regulatória, empresas como QI, J17, BMP e Y3 oferecem serviços de banking as a service, permitindo que correspondentes bancários utilizem suas plataformas para bancarizar seus produtos. Isso abre um caminho natural de evolução para o correspondente, que pode começar vendendo para bancos, migrar para fintechs, estruturar parcerias com fundos e até montar seu próprio fundo para captar recursos e participar do funding das operações.
Além disso, Rafael enfatiza a importância da diversificação de produtos, pois operar exclusivamente com um único nicho, como FGTS ou NSS, pode expor a operação a riscos elevados em momentos de instabilidade. A multiplicidade de produtos garante maior segurança e sustentabilidade para o negócio.
Primeiros Passos para Estruturar Sua Operação de Crédito
Para quem está começando, Rafael Monteiro recomenda que o primeiro passo seja conquistar um volume consistente de produção. Ele sugere uma régua mínima de R$ 2 milhões em produção mensal de um produto específico para que valha a pena estruturar sua própria fintech.
Antes de alcançar essa marca, pode ser mais vantajoso operar como correspondente vinculado a uma fintech ou promotora, evitando custos fixos elevados. Mas, uma vez atingido esse volume constante — por exemplo, produzindo entre R$ 2 milhões e R$ 3,5 milhões por mês regularmente —, é possível avançar para a estruturação de produtos próprios.
Rafael também destaca que cada fintech tem suas particularidades, seja na taxa que pode ser repassada, no foco em valor liberado ou comissão, ou no modelo de operação. O segredo está em modelar a operação de acordo com o perfil do seu público, roteiro de vendas e necessidades específicas, sempre buscando alinhar os interesses dos investidores com as demandas da ponta.
Erros Comuns ao Montar Sua Própria Fintech
Um dos maiores erros que Rafael observa nos iniciantes é tentar copiar o modelo da concorrência sem avaliar se ele se encaixa na sua operação. Muitas vezes, o concorrente pode estar enfrentando problemas graves e replicar sua estratégia pode levar a um fracasso conjunto.
Outro erro crítico é pular etapas no processo de evolução do correspondente bancário. Rafael destaca que a jornada natural envolve vender para bancos, depois fintechs, em seguida para fundos terceiros, montar seu próprio fundo e, finalmente, diversificar produtos. Pular etapas, como montar um fundo sem experiência prévia, pode levar a estruturas frágeis e insustentáveis.
Esse cuidado é essencial para evitar o que Rafael chama de “lua de mel que já deu errado”, ou seja, começar uma parceria ou operação que logo enfrenta problemas e quase chega a um “divórcio” operacional.
Ferramentas e Tecnologias Indispensáveis para o Sucesso
Hoje, é possível montar operações enxutas, digitais e com alta performance, desde que o correspondente invista nas tecnologias certas. Rafael destaca algumas ferramentas fundamentais:
- Discadoras e múltiplos números de WhatsApp: Para operações com call center, é importante ter discadoras eficientes e números diversos para evitar bloqueios e manter a comunicação fluida.
- Inteligência Artificial (IA): A IA tem sido um diferencial, especialmente na autocontratação. Fintechs que investem em chatbots e bots de WhatsApp conseguem automatizar processos, melhorar a experiência do cliente e reduzir custos.
- APIs e telas de digitação customizadas: Ter uma interface integrada e ágil para a coleta e envio de dados facilita muito a operação e a integração com parceiros.
- CRM eficiente: Um bom sistema de CRM é vital para gerenciar leads, acompanhar vendas e manter o relacionamento com clientes e parceiros.
Rafael também recomenda o uso do CRM Vanguard, conhecido por seu suporte técnico humanizado e funcionalidade robusta, ideal para quem quer operar com assertividade e eficiência.

O Que Diferencia uma Operação Estruturada de um Correspondente Comum?
Segundo Rafael, o principal diferencial está na mentalidade. Uma operação estruturada não foca apenas na comissão imediata (a “cabeça”), mas tem uma visão de longo prazo, investindo em ganhos que gerem valor sustentável e equity (participação societária) na fintech.
Ele cita como exemplo a iCred, cujo valor está mais na carteira de crédito originada e nos fundos estruturados do que na tecnologia em si. Carteiras de consignado, como FGTS e CLT, podem durar de 8 a 15 anos, garantindo receita contínua e previsível.
Além disso, operações estruturadas conseguem resistir melhor a crises, como problemas em convênios ou instabilidades no mercado, pois têm receitas diversificadas e ganhos de longo prazo que sustentam o negócio.
Rafael alerta para o risco de operar com spreads muito pequenos e repassar quase toda a comissão para parceiros, pois isso fragiliza a operação e pode levar ao fechamento em caso de qualquer problema.
Como se Destacar em um Mercado Competitivo
No atual cenário, tecnologia, atendimento e velocidade são os três pilares para se destacar. Rafael explica que mesmo que um concorrente pague um pouco mais por produto, o volume e a agilidade podem compensar muito mais no fim das contas.
Por exemplo, oferecer pagamento em D zero (no mesmo dia) em vez de D+1 ou semanal pode ser um diferencial decisivo para conquistar e manter parceiros.
Além disso, montar uma esteira eficiente para produtos inovadores como FGTS como meio de pagamento oferece um diferencial competitivo, pois poucos correspondentes têm essa capacidade integrada.
O Futuro dos Correspondentes Bancários: Fintechs Regionais e Nichadas
Rafael acredita que a tendência é que grandes promotoras e correspondentes se aproximem cada vez mais do mercado financeiro, criando suas próprias fintechs, fundos e operações próprias. Isso porque o apetite do mercado de investimentos (como a Faria Lima) é enorme, e o modelo de negócios tem se mostrado lucrativo e sustentável.
Ele conta casos de operadores que, após estruturarem fundos e carteiras próprias, passaram a colher os frutos de seus investimentos, consolidando operações robustas e rentáveis.
Esse amadurecimento do mercado cria um ambiente mais transparente e colaborativo, onde parcerias duradouras são construídas, e o foco é o crescimento sustentável e a inovação constante.
Modelos de Parceria e Fontes de Receita para Escalar a Operação
Além da venda tradicional de produtos consignados, Rafael sugere explorar fontes adicionais de receita, como:
- Venda conjunta de seguros e clubes de benefícios
- Criação de marcas próprias para agregar valor e fidelizar clientes
- Uso estratégico de produtos como FGTS e CLT para atrair e manter parceiros
- Multiprodutos para diversificar riscos e ampliar o portfólio de ofertas
Essa diversidade não só aumenta a segurança da operação como também potencializa o crescimento e a lucratividade no longo prazo.
Conclusão
Montar sua fintech financeira do zero pode parecer desafiador, mas com a estratégia certa, visão de longo prazo e uso inteligente da tecnologia, é totalmente possível criar uma operação sustentável e lucrativa. Rafael Monteiro deixa claro que o sucesso vem da combinação de volume consistente, diversificação de produtos, parcerias sólidas e inovação constante.
Se você é correspondente bancário, a hora de evoluir é agora. Invista em conhecimento, tecnologia e na construção de relacionamentos transparentes e duradouros. O mercado está aberto para quem quer crescer com responsabilidade e visão estratégica.
FAQ – Perguntas Frequentes
Qual o volume ideal para começar a estruturar uma fintech própria?
Recomenda-se ter uma produção constante acima de R$ 2 milhões em determinado produto para que a estruturação própria seja viável, evitando custos fixos elevados e garantindo sustentabilidade.
Quais são os principais erros ao montar uma fintech do zero?
Os maiores erros são copiar modelos de concorrentes sem análise, pular etapas no desenvolvimento da operação e não considerar as particularidades do seu negócio e do mercado.
Quais tecnologias são indispensáveis para uma operação de sucesso?
Discadoras, múltiplos números de WhatsApp, inteligência artificial para autocontratação, APIs integradas, telas customizadas para digitação e um CRM robusto são essenciais.
Como diversificar produtos pode ajudar a fintech?
Diversificar reduz riscos operacionais, protege contra instabilidades em produtos específicos e amplia as fontes de receita, tornando a operação mais segura e lucrativa.
Qual a diferença entre um correspondente comum e uma operação estruturada?
Uma operação estruturada tem visão de longo prazo, foca em ganhos recorrentes e equity, não apenas na comissão imediata, além de investir em tecnologia e diversificação para garantir sustentabilidade.