Networking, Comunidades e Negócios: Lições de Daniel Scott

Neste artigo, produzido a partir do conteúdo do canal J17 Bank, José Nascimento e José Manuel recebem Daniel Scott — economista, consultor e criador de comunidades de negócios — para uma conversa franca sobre como construir conexões que geram resultados reais. Daniel compartilha sua trajetória, aprendizados internacionais, a criação do projeto Hyper XP e boas práticas para usar redes sociais e eventos como motores de crescimento para empresas B2B e pequenos empreendedores.

Índice

Trajetória de Daniel Scott: da economia ao empreendedorismo de comunidade

Formado em Economia pela PUC-Rio, com mestrado em Administração pela FGV e pós-graduação em Empreendedorismo pela École Supérieure de Commerce (Paris), Daniel traz uma trajetória marcada por curiosidade internacional e aplicabilidade prática. Em 2013, recebeu uma bolsa da Ernst & Young que o levou a projetos de consultoria na Espanha e no Vietnã — experiências que mudaram sua visão sobre negócios, escalabilidade e resiliência.

Ao voltar ao Brasil, Daniel foi sócio de uma startup de construção civil até 2016, atuou como consultor de pequenas e médias empresas e, em 2018, idealizou o Hyper XP, projeto focado em fortalecer empreendimentos locais por meio de eventos, capacitação e comunidades segmentadas.

Daniel relata experiência de consultoria no Vietnã com empresas locais

Lições internacionais: Vietnã, Ruanda e a lição da resiliência

As experiências fora do Brasil foram fundamentais para Daniel. No Vietnã, trabalhou com uma rede de joalherias que saiu de um negócio familiar para se tornar um player relevante no Sudeste Asiático. Esse caso ilustrou uma mensagem central: respeitar os pequenos negócios, pois muitos crescem a partir de iniciativas modestas.

Daniel também citou Ruanda como exemplo extremo de reconstrução social e econômica, ressaltando a cultura de reconciliação e o foco no futuro — aprendizados relevantes para sociedades polarizadas. A mensagem foi clara: muitas vezes nos impomos limitações desnecessárias; empreendedores que pensam globalmente vencem barreiras culturais e de idioma.

Por que Curitiba? Uma decisão pessoal que virou oportunidade

A saída do Rio e a escolha por morar em Curitiba surgiram após uma passagem pelo setor de construção no Mato Grosso do Sul e reflexões sobre qualidade de vida e propósito. Em Curitiba, Daniel encontrou um ecossistema favorável para conectar pessoas e testar formatos de eventos presenciais — e foi ali que se consolidou parte de sua atuação como articulador local.

O nascimento dos eventos e a cultura do networking

Em 2017, aproveitando o potencial do LinkedIn para encontrar profissionais, Daniel e colaboradores organizaram o primeiro evento para cerca de 100 pessoas em Curitiba. Naquele momento, encontros de networking ainda eram novidade — sobretudo em cidades como Curitiba — e surgiram dúvidas e até receios do público (algumas pessoas chegaram a confundir com esquemas ilícitos). Ainda assim, o resultado foi um crescimento orgânico e a transformação do conceito em produto.

Alguns princípios práticos destacados por Daniel:

  • Networking é propor valor: conectar pessoas para ajudar, não apenas para vender;
  • Disciplinar a coopetição: competir e cooperar ao mesmo tempo com concorrentes, fornecedores e parceiros dentro do ecossistema;
  • Ativar redes constantemente: reuniões, almoços, podcasts, eventos presenciais — manter o ciclo de relacionamento.

Hyper XP e a escada de comunidades

O Hyper XP nasceu como resposta à necessidade de fortalecer micro e pequenos empreendedores por meio de aprendizagem prática, imersões e conexão. Daniel descreve a estrutura de comunidades como uma "escada":

  • Comunidade inicial para consumo de conteúdo (entrada gratuita ou de baixo custo);
  • Comunidades de membros pagantes com entregas regulares e acesso a network;
  • Comunidades VIP com imersões, viagens internacionais e experiências exclusivas (ex.: roteiros para Itália).

Hoje, a operação organiza em média 120 eventos presenciais por ano — uma média assustadora de um evento a cada três dias — com formatos segmentados: donos de restaurantes, e-commerce, saúde, banking correspondents (correspondentes bancários) etc. As comunidades não só produzem conhecimento, como funcionam como funil comercial e inteligência de mercado.

Redes sociais como base do relacionamento: X, Instagram, LinkedIn e YouTube

Daniel analisou cada rede dentro da lógica de captar, filtrar e converter audiência:

X (ex-Twitter)

Hoje, segundo Daniel, X concentra muitos empresários qualificados no Brasil. A rede funciona como ambiente de consumo rápido de informação — e muitos usuários se conectam com perfis alternativos. Apesar do anonimato relativo, X tem alto potencial de alcance orgânico e facilita o contato com perfis de grande relevância que não se expõem em outras plataformas.

Instagram

Instagram é uma ferramenta poderosa para outbound e identificação de leads. Ao visualizar seguidores de influencers ou perfis de nicho, é possível mapear potenciais clientes, iniciar conversas e marcar reuniões presenciais. Para Daniel, Instagram serve também para aproximar o contato pessoal — muitas pessoas respondem mais facilmente por lá do que por LinkedIn.

LinkedIn

LinkedIn é essencial para filtrar perfis profissionais e acessar decisores, mas requer abordagem cuidadosa. A rede é onde se encontram listas de contatos e filtros profissionais — útil para prospecção dirigida, mas nem sempre com alta taxa de resposta instantânea.

YouTube

Daniel afirma que o YouTube é a rede mais indicada para vendas B2B, por oferecer conteúdo de "cauda longa" que permanece indexado nos motores de busca. Produzir para YouTube é custoso: gravação, roteiro, infraestrutura e pós-produção demandam tempo e investimento. Porém, quando bem feito, o conteúdo continua atraindo audiência e credibilidade por anos — e pode aparecer nas primeiras páginas do Google para termos técnicos e nichados.

Discussão sobre o poder do YouTube para vendas B2B e conteúdo de cauda longa

Eventos em escala: logística, desafio e propósito

Organizar 120 eventos anuais exige planejamento, equipe e capacidade de conectar a base de leads aos encontros. Daniel destaca que o maior desafio não é a logística, mas assegurar a presença das pessoas certas — clientes potenciais e parceiros que realmente aproveitem o evento para aprender e negociar.

Os eventos acontecem por todo o Brasil e também fora: Itália, Moçambique e Estados Unidos, onde já se planeja um evento para 1.000 pessoas. A chave operacional: ter processos repetíveis (uma espécie de linha de montagem de eventos), equipes locais e estratégias de comunicação direta com a base.

Ofertas e cases: CS Group e previsão de demanda energética

O CS Group atua com múltiplas frentes: consultoria em leilões imobiliários, eficiência operacional, gestão comercial, intermediação de ações de negócios e soluções tecnológicas. Um case concreto apresentado por Daniel é o de previsão de demanda energética via IA e IoT. Implementando sensores em equipamentos (por exemplo, refrigeradores de loja), o sistema antecipa variações de consumo — por um evento local ou uma mudança climática — ajustando automaticamente parâmetros e economizando até 10–20% de energia.

Para soluções específicas e clientes muito segmentados, Daniel defende o outbound e a venda consultiva: é mais eficiente ir atrás do cliente certo do que tentar capturar tráfego genérico através de um site tradicional.

Comunidade como "shopping center" e o funil relacional

Uma metáfora útil usada por Daniel é a de ver o portfólio de iniciativas como um shopping: várias "lojas" (produtos/serviços) dentro de um mesmo espaço, que podem ser operadas ou locadas. A comunidade traz tráfego, autoridade e permite mapear necessidades para oferecer produtos adequados.

Atualmente, são cerca de 15.000 membros entre empreendedores e gestores engajados — um volume que torna possível extrair inteligência de mercado e desenhar ofertas personalizadas.

Anedotas e humanidade: Pix, Nescal e a rotina de quem empreende

A conversa também teve momentos leves. Daniel compartilhou que passou a gostar de cães e hoje tem dois filhotes — Pix e Nescal — escolhidos com a ajuda de uma enquete no Instagram. Essas histórias reforçam uma mensagem importante: negócios são feitos por pessoas; a proximidade e a autenticidade são diferenciais para quem busca fidelizar clientes e construir rede.

Conclusão: networking como prática intencional

As ideias centrais que emergem são práticas e aplicáveis:

  • Construa comunidades com objetivos claros: educação, negócios e retenção;
  • Escolha redes onde seu público realmente está e adapte a linguagem a cada plataforma;
  • Use eventos presenciais como ferramenta de conversão e inteligência de mercado;
  • Priorize relacionamento: clientes B2B compram confiança e acesso, não apenas produto;
  • Combine conteúdo de longo prazo (YouTube) com ações imediatas (Instagram, outbound) e conversas em X para prospectar decisores.

Para empreendedores que ainda estão no começo ou se sentem estagnados, a recomendação é simples: ativar a rede, propor valor e cultivar a disciplina da coopetição. O resultado, segundo a experiência de Daniel, aparece ao longo de um pipeline construído por confiança e consistência.

Perguntas Frequentes (FAQ)

Como começar a construir uma comunidade de negócios do zero?

Comece definindo um propósito claro, segmentando o público-alvo e oferecendo conteúdo relevante. Use eventos pequenos e constantes para validar formato e ajustar entregas. A escalabilidade vem com repetição e padronização de processos.

Quais redes sociais priorizar para negócios B2B?

Depende do público. Daniel recomenda X para acesso a empresários e opinião pública, Instagram para outbound e primeiro contato mais “pessoal”, LinkedIn para filtros profissionais e prospecção dirigida, e YouTube para conteúdo de profundidade e cauda longa.

Como transformar networking em vendas efetivas?

Networking funciona como um funil: conscientização → relacionamento → confiança → oferta. Ofereça valor primeiro, documente cases, mantenha contato e proponha soluções específicas quando houver sinergia. A venda consultiva costuma ser mais efetiva que campanhas de tráfego genérico.

É viável fazer eventos frequentes sem equipe grande?

Sim, desde que existam processos repetíveis e parceiros locais. Automatizar parte da comunicação, ter checklists operacionais e equipes fixas para produção e relacionamento reduz o esforço e aumenta a escala.

Quando usar outbound em vez de inbound?

Outbound é indicado quando o público é muito segmentado e o ticket médio justifica esforço direto (ex.: soluções tecnológicas para redes de lojas). Inbound e conteúdo ajudam no reconhecimento de marca, mas são lentos para demandas muito específicas.

Como medir o sucesso de uma comunidade?

Além de métricas de engajamento (presença em eventos, participação em grupos), avalie geração de leads qualificados, taxa de conversão em clientes, retenção e inteligência de mercado (insights que levaram a novos produtos).

Para quem quer aprofundar: acompanhe os canais de Daniel no X, Instagram, LinkedIn e YouTube, onde ele compartilha conteúdos, cases e convites para eventos e imersões.