Jony Silva: Dados, Caixa e os Ritos que Transformam Empresas

No vídeo publicado pelo canal J17 Talks, Jony Silva — sócio e consultor da Safegold Gestão Empresarial — apresenta uma aula prática sobre gestão orientada a dados, controladoria e os rituais que garantem a sobrevivência e o crescimento das empresas. Com base em mais de cem projetos e na experiência da Safegold em mais de trezentas empresas, Jony explica por que "quem não mede não gerencia", por que o caixa é a prioridade número um e como implantar indicadores e ritos de gestão mesmo em organizações sem cultura de dados.

Apresentação de Johnny Silva no estúdio do J17 Bank

Índice

Visão geral: quem é Jony Silva e qual é sua proposta

Jony Silva começou sua trajetória na gestão empresarial aos dezessete anos, integrando tecnologia e processos administrativos. Ele frisa que, embora o feeling seja importante, a gestão não existe sem dados: é uma ciência que exige métricas, indicadores e rotinas de análise.

Como sócio da Safegold, Jony ajuda empresas a implementar controladoria, processos e projetos de turnaround com uma postura prática — ou seja, "hands-on" — assumindo a controladoria temporariamente quando necessário para entregar resultados concretos e deixar um legado de boas práticas.

Principais desafios dos empreendedores hoje

Na visão de Jony, o empreendedor brasileiro é um herói diante de desafios como burocracia e carga tributária, mas o maior obstáculo na prática é manter o foco. Com incêndios diários para apagar, muitos empresários perdem a prioridade do que realmente impacta o resultado.

  • Multitarefas e urgências falsas fazem com que nada seja verdadeiramente urgente;
  • Sem indicadores, decisões são tomadas por intuição e podem gerar inconsistências;
  • O excesso de frentes sem priorização leva à perda de oportunidades relevantes.

Johnny destaca a importância de manter os olhos no caixa

O que significa "olhar o caixa"?

Para Jony, o caixa não é só o dinheiro físico: é a disponibilidade financeira, o colchão que garante a operação. Problemas de caixa são, em geral, consequências e não causas primárias. Entre as razões que levam ao aperto de caixa estão:

  1. Falta de formação adequada de preços;
  2. Ausência de estratégia de vendas;
  3. Crescimento sem dimensionamento do capital de giro (efeito tesoura);
  4. Desalinhamento entre margem e despesas operacionais.

Um negócio pode ser rentável no papel e ainda assim ficar sem caixa por conta do ciclo financeiro e do nível de investimento exigido pelo crescimento. Por isso, o monitoramento constante da necessidade de capital de giro é essencial.

Discussão sobre a falta de caixa como consequência de problemas operacionais

Margens, rentabilidade e a ilusão do faturamento

Muitos empresários perseguem um "número bonito" de faturamento sem entender as margens por filial, produto ou canal. Jony alerta que é comum, até em grandes empresas, encontrar desconhecimento sobre margens reais.

Antes de celebrar aumento de receita, é preciso responder perguntas como:

  • Qual a margem por canal e por produto?
  • Quanto custa manter cada cliente?
  • Qual o custo de pós-venda e atendimento por canal?

Separar impostos, desdobrar a folha de pagamento e cruzar esses dados com receita e despesas traz insights para decisões mais assertivas.

Dados: quais começar a medir?

Não existe um "conjunto ideal" universal de indicadores; tudo depende da estratégia e do estágio da empresa. A Safegold avalia cada negócio antes de definir quais indicadores começar a monitorar. Para empresas sem cultura de dados, a recomendação é começar pequeno e tornar o processo evolutivo.

Indicadores básicos e essenciais para iniciar:

  • Faturamento, custo e margem por dimensão relevante;
  • Saldo de tesouraria e projeção de fluxo de caixa;
  • Taxa de aquisição e retenção de clientes (se houver CRM);
  • NPS e satisfação do cliente quando aplicável.

Rituais de gestão: o que são e como implementá-los

Rituais de gestão são reuniões e processos padronizados para analisar resultados e tomar ações corretivas. Jony classifica esses ritos em três níveis:

  • Operacionais: foco em execução diária;
  • Táticos: acompanhamento de metas e ações departamentais;
  • Estratégicos: decisões de longo prazo e planejamento.

O CEO não precisa participar de todas. Sua função estratégica exige presença nas reuniões de alto nível e preparação do time para assumir responsabilidade nas demais, mantendo assim autoridade e foco.

Exemplo prático: reunião mensal de resultados

A reunião mensal de apresentação de resultados é um dos ritos mais poderosos. Ao reunir o alto escalão para revisar indicadores e decidir ações efetivas, é possível reduzir custos relevantes (Jony cita casos com queda de 0,5 ponto percentual no custo de mercadoria), o que se traduz diretamente em lucro.

Business Intelligence: tecnologia vs cultura

O BI (Business Intelligence) é uma ferramenta para visualizar dados em diferentes dimensões, mas sem cultura e ritos ele é apenas um painel bonito. Jony reforça que:

  • O conteúdo do BI deve ser adequado ao público: diretoria, média gestão ou operação;
  • Indicadores para média gestão incluem faturamento, canais, rentabilidade e produtividade;
  • Em empresas com CRM, métricas como CAC, retenção e LTV são centrais;
  • Dados em tempo real são críticos para áreas financeiras e de mercado, mas nem toda empresa precisa disso imediatamente.

Se não há orçamento para ferramentas sofisticadas, comece com Excel ou até papel — o importante é não trabalhar no escuro.

A analogia com a aviação

Jony usa a aviação para ilustrar a necessidade de planejamento e protocolos. Um avião não decola sem plano de voo; da mesma forma, a empresa precisa de um planejamento estratégico que responda: "para onde quero ir?".

O painel de um cockpit tem milhares de indicadores, mas o piloto não observa tudo ao mesmo tempo: os sinais mais importantes disparam alertas. O BI funciona do mesmo modo: avisa quando algo foge do padrão para que o gestor possa agir.

Consultoria prática: quando contratar e o que esperar

Nem sempre o empreendedor consegue implantar ritos de gestão internamente por dois motivos principais: falta de método e envolvimento total com a operação. Nesses casos, uma consultoria que seja prática e assuma temporariamente a controladoria pode acelerar resultados.

A Safegold, por exemplo, oferece um modelo hands-on: não entrega apenas um relatório, mas implementa processos, indicadores e rotinas até que a equipe interna possa manter o nível de governança.

Boas práticas e abordagem incremental

O melhor caminho geralmente é o simples bem feito e repetido. Jony recomenda:

  1. Fazer um diagnóstico (overview) para obter a fotografia atual;
  2. Traçar um plano factível alinhado à capacidade de produção e entrega;
  3. Definir indicadores cruciais e começar a monitorar de forma contínua;
  4. Implementar ritos de gestão para revisar resultados e tomar ações;
  5. Ajustar processos com base em comparativos de benchmark quando possível.

Comparar com empresas similares e aprender com erros e acertos de mercado acelera o aprendizado e reduz riscos.

Conclusão: cultura, dados e disciplina

A transformação começa pela decisão: implantar governança não é luxo, é necessidade. Dados, tecnologia e indicadores são instrumentos — mas o diferencial é a cultura e os ritos que garantem ação e consistência. Com diagnóstico, indicadores relevantes, reuniões estruturadas e uma execução disciplinada, qualquer empresa — pequena ou grande — pode melhorar sua rentabilidade e saúde de caixa.

Jony Silva e a Safegold mostram que a combinação de método, experiência e atitude prática reduz riscos e possibilita resultados rápidos e sustentáveis.

Perguntas Frequentes (FAQ)

1. Por onde começar se a empresa não tem cultura de dados?

Comece pelo básico: faturamento, despesas e margem. Use Excel ou papel se necessário. Faça um diagnóstico para entender prioridades e defina indicadores que respondam às perguntas estratégicas do negócio.

2. Quais rituais de gestão são essenciais?

Reuniões operacionais, táticas e estratégicas. Priorize a reunião mensal de resultados com o alto escalão para decidir ações efetivas. O CEO deve participar das estratégicas e delegar o resto.

3. O BI é obrigatório?

Não. O BI é uma ferramenta poderosa, mas o mais importante é a qualidade dos dados e a disciplina de gestão. Se não há recursos, comece com planilhas e evolua para BI conforme a maturidade.

4. Por que a empresa pode ser rentável e ainda ficar sem caixa?

Por causa do ciclo financeiro e do aumento da necessidade de capital de giro ao crescer. Crescimento sem dimensionamento do investimento necessário pode gerar o chamado "efeito tesoura".

5. Quando contratar uma consultoria?

Quando falta método, tempo ou experiência para implementar ritos de gestão e organizar dados. Consultorias práticas e hands-on aceleram a implementação e entregam resultados mensuráveis.

6. Como medir a contribuição de cada colaborador?

Após consolidar indicadores financeiros e operacionais, é possível modelar o custo x contribuição por colaborador, especialmente em empresas com processos bem estruturados e dados confiáveis.

Principais aprendizados para levar agora

  • Dados são o combustível da gestão moderna, mas só geram valor se houver cultura e ritos;
  • O caixa mantém a empresa viva — monitore saldo, projeções e capital de giro;
  • Comece simples, com indicadores essenciais; evolua para BI quando necessário;
  • Reuniões estruturadas transformam dados em ações e resultados;
  • Consultorias hands-on podem acelerar a mudança e deixar um legado de governança.

Para aprofundar, Jony Silva e a Safegold estão disponíveis no Linkedin como "safegold-gestao" e "jonyisilva". A recomendação final é clara: não se trabalhe no escuro — comece hoje a medir, analisar e agir.

 


 

Recursos e próximos passos

Se você gostou deste resumo, siga estes passos práticos para começar hoje mesmo:

  • Faça um diagnóstico rápido: registre faturamento, despesas e saldo de caixa em uma planilha.
  • Defina 2–3 indicadores essenciais (por exemplo: margem, saldo de tesouraria, taxa de retenção) e revise-os semanalmente.
  • Implemente um rito simples: estabeleça uma reunião mensal de resultados com o alto escalão.
  • Se necessário, busque uma consultoria hands-on que possa assumir temporariamente a controladoria e implantar ritos.