No episódio do J17 Talks, produzido pelo J17 Bank, Riadis Dornelles — CEO da Premium Ads — compartilha a jornada de uma empresa nascida em Maringá que hoje opera globalmente, com presença em Singapura, Vietnã e outros mercados. As conversas cobrem desde choque cultural e aprendizados estratégicos até reflexões sobre tecnologia, inovação e o papel definitivo das pessoas nos negócios. Este texto reúne os principais ensinamentos daquele bate-papo para empreendedores que querem ampliar fronteiras sem perder o foco humano.
Sumário
- Da origem regional à internacionalização
- Viagem à Ásia: choque cultural e lições práticas
- Quebrando barreiras geográficas: ferramentas simples e mentalidade
- Humildade, liderança e o papel das soft skills
- Tecnologia, ciclos de inovação e a profissão do futuro
- Inteligência artificial: mais tempo para ser humano?
- O futuro dos sites de notícias e do marketing digital
- Princípios práticos para quem quer internacionalizar
- Perguntas frequentes (FAQ)
- Conclusão
Da origem regional à internacionalização
A Premium Ads nasceu no interior do Paraná, em Maringá, fundada por dois amigos que transformaram uma operação local em uma empresa digital. O ponto de virada veio durante a pandemia: enquanto muitas empresas enfrentavam crise, a condição digital da Premium permitiu ampliar escopo e ganhar musculatura. Posteriormente, a companhia foi adquirida por um grande grupo sediado em Singapura — fato que acelerou a expansão para a Ásia.
Essa trajetória ilustra duas verdades frequentes para quem empreende hoje: primeiro, que a digitalização pode transformar crises em oportunidades de crescimento; segundo, que a internacionalização muitas vezes começa com decisões estratégicas mais do que com orçamentos gigantescos.
Viagem à Ásia: choque cultural e lições práticas
A experiência de Riadis na Ásia — Singapura, Hanói e Bangkok — não foi apenas turística: foi pedagógica. Ele destaca a arquitetura futurista e o verde urbano de Singapura (50% da cidade-estado é área verde) e a profundidade histórica de Hanói, marcada por memórias da ocupação e da resistência. Mas o que mais marcou foi a percepção de que, apesar das diferenças culturais, o elemento que une negócios e pessoas é universal: a humanidade.
Em conversas com equipes locais, Riadis notou que muitos dos limites que empresários latino-americanos aceitam como reais são, na verdade, barreiras mentais. Enquanto em Singapura e em unidades no Vietnã as equipes já pensam no mundo — fluência em inglês, múltiplos idiomas e uma mentalidade global — muitos mercados latino-americanos ainda se autoprescrevem limites geográficos.
Quebrando barreiras geográficas: ferramentas simples e mentalidade
Um dos pontos mais práticos do episódio foi a constatação de que não é preciso uma infraestrutura complexa para prospectar clientes no exterior. Ferramentas básicas — Google Translate, planilhas (Google Sheets/Excel) e vontade de ajustar horários de reunião — frequentemente resolvem o que se imagina ser uma barreira técnica. O que realmente separa empresas que vão além é a mentalidade.
"A barreira eram minhas crenças" — Riadis resume: muitas restrições são autoimpostas.
Esse “menos é mais” aparece como recomendação direta: antes de buscar o CRM mais avançado, valide se o processo comercial funciona com o mínimo viável. Equipes jovens, ágeis e comprometidas podem compensar tecnologia sofisticada.
Humildade, liderança e o papel das soft skills
Além da técnica, Riadis e os mediadores do J17 Talks enfatizaram que a migração para mercados maiores exige liderança humilde e facilitadora. Referências a clássicos do pensamento — como "Servidão Voluntária" — serviram para lembrar que líderes também precisam assumir responsabilidade pelas limitações internas e não apenas culpar fatores externos.
Em cursos e debates com executivos experientes, foi ressaltado que, para as 500 maiores empresas, as habilidades mais valorizadas não são técnicas: são soft skills. Honestidade, caráter, humildade, empatia e capacidade de resolver problemas complexos com simplicidade aparecem repetidamente como fatores decisivos na contratação e no desenvolvimento de equipes.
Tecnologia, ciclos de inovação e a profissão do futuro
O episódio também abordou a velocidade de mudança tecnológica. Onde antes os ciclos de produtos eram medidos em anos, hoje muitas categorias — especialmente eletrônicos e plataformas digitais — renovam ofertas em meses. Exemplos práticos: o ciclo de vida de celulares, que passou de 30–46 meses para menos de 12 meses em grandes marcas.
Essa aceleração tem impacto direto em decisões estratégicas e no mapeamento de competências. A discussão sobre "engenheiro de prompt" ou "profissional do futuro" serve para mostrar que as profissões surgem em resposta às novas necessidades tecnológicas, mas que o diferencial humano (inteligência emocional, criatividade, negociação) segue sendo insubstituível.
Inteligência artificial: mais tempo para ser humano?
Riadis comentou que a IA tende a automatizar tarefas repetitivas e a liberar tempo para atividades mais humanas — relacionamento, empatia, criatividade. Ferramentas como tradução em tempo real no Google Meet já estão diminuindo atritos linguísticos e geográficos. Porém, essa disponibilidade tecnológica também exige novas responsabilidades: escolher o que automatizar, manter o “humano no centro” e treinar equipes para lidar com decisões em ambientes incertos.
O futuro dos sites de notícias e do marketing digital
Uma parte técnica e essencial do papo tratou do impacto das atualizações do Google e de produtos como Discovery e Google News nas métricas de tráfego dos portais. Riadis explicou que a Premium Ads trabalha com mais de 30 redes de demanda e é responsável por uma parcela significante das impressões publicitárias em sites brasileiros — cerca de 50% das impressões em determinados contextos.
Com mudanças nos dados estruturados e nos formatos de busca, muitos portais de notícias tiveram quedas de audiência expressivas — em alguns casos de até 80% após atualizações recentes. Isso força uma redefinição do modelo de monetização e distribuição de conteúdo: quem pretende sobreviver precisa inovar na entrega de valor, diversificar fontes de receita e repensar métricas de engajamento.
Princípios práticos para quem quer internacionalizar
- Questione suas crenças: identifique barreiras mentais que limitam a visão de mercado.
- Comece com o mínimo viável: ferramentas simples (Sheets, tradução, WhatsApp, horários flexíveis) bastam para iniciar prospecção.
- Pense global desde o começo: idiomas, contratos e processos alinhados a padrões internacionais reduzem atrito.
- Invista em pessoas: retenha talento com caráter e humildade; treine soft skills antes de buscar talentos “mágicos”.
- Faça o básico bem feito: gestão financeira rigorosa, indicadores visíveis e processos claros permitem reação rápida frente ao acaso.
- Planeje com flexibilidade: ajuste planos para considerar aleatoriedade (acaso) e mantenha reservas e contingências.
- Participe de eventos e troque experiências: convenções, cursos e encontros ampliam visão e rede de contatos.
Perguntas frequentes (FAQ)
Como iniciar a internacionalização sem grande investimento?
Comece testando mercados com recursos mínimos: traduções automáticas, comunicação por e-mail e reuniões em horários distintos, além do uso de planilhas compartilhadas para coordenação. Valide hipóteses antes de escalar.
O idioma e o fuso horário são barreiras intransponíveis?
Não. Ferramentas como Google Translate, subscrição em tempo real e pequenas adaptações de horários já resolvem boa parte das fricções iniciais. O maior desafio é cultural — trabalhar para entender necessidades locais.
Os sites de notícias vão desaparecer?
Não necessariamente desaparecerão, mas o modelo atual de entrega de tráfego e monetização está sendo reconfigurado. Portais precisam diversificar receitas, investir em conteúdo exclusivo e adaptar-se aos formatos que o buscador e plataformas demandam.
Qual o papel da inteligência artificial nas estratégias de marketing?
A IA acelera escala, análise e automação. Promove eficiência nas campanhas e permite traduções e personalizações em massa. Ainda assim, a criatividade humana e o relacionamento permanecem centrais para converter audiência em clientes fiéis.
Quais habilidades devo priorizar ao contratar hoje?
Além de competências técnicas, priorize soft skills: comunicação, resolução de problemas, adaptabilidade e humildade. Essas qualidades definem a capacidade de aprender e reagir em ambientes voláteis.
Como entrar em contato com Riadis Dornelles?
Riades sugere procurar por seu nome nas redes sociais. No episódio ele mencionou @riades como um identificador para Instagram e que está disponível para contatos e trocas de experiência.
Conclusão
A trajetória da Premium Ads e os insights do episódio do J17 Talks são um lembrete prático: internacionalizar não é apenas ter dinheiro, é ter mentalidade, estratégia e foco em pessoas. Ferramentas tecnológicas e automações ajudam, mas não substituem liderança humilde, equipes bem preparadas e a capacidade de executar o básico com excelência.
Para empreendedores, a conclusão é clara: amplie fronteiras mentais antes de ampliar fronteiras geográficas. Comece pequeno, valide hipóteses, invista em talentos e esteja pronto para surfar o acaso — sem perder de vista que, no centro de tudo, sempre haverá pessoas.