Empreendedorismo e Vendas: Estratégias para Começar do Zero com Roberta da Trindade

Neste artigo, inspirado pelo episódio do J17 Talks apresentado pelo J17 Bank, Roberta da Trindade compartilha práticas, aprendizados e estratégias objetivas para quem deseja empreender ou aprimorar operações comerciais. Roberta, multiempreendedora e fundadora da EFOCO Soluções Comerciais e do ecossistema HABLA Empreendedora/HABLA FM, fala com clareza sobre autoconhecimento, posicionamento, prospecção e como transformar R$ 500 e um celular em um primeiro passo real para um negócio.

Sumário

Os desafios iniciais: silenciar o ruído externo e enfrentar a síndrome do impostor

Um dos pontos centrais trazidos por Roberta é que o primeiro e maior desafio do empreendedor não é técnico, mas interno. Antes de estruturar produto, processo ou vendas, é preciso silenciar as vozes externas e vencer a síndrome do impostor. Muitas pessoas aguardam validação — da família, do mercado, de colegas — e acabam adiando decisões por medo do risco.

Roberta enfatiza que autoconhecimento e autoliderança são pilares para a tomada de decisões consistentes. Isso envolve reconhecer crenças enraizadas desde a infância, avaliar o que é ambição saudável e entender qual é o momento real para dar o salto. A transição da CLT para o empreendedorismo exigiu esse exercício de centramento: identificar onde se quer chegar e aceitar que o caminho incluirá erros e aprendizados.

Propósito como filtro para oportunidades

O mercado está repleto de oportunidades e modismos, principalmente em tempos digitais. A pergunta que Roberta recomenda fazer antes de qualquer sim é: qual é o meu porquê? Retornar ao propósito original serve como filtro para decisões estratégicas e evita que o empreendedor se disperse em propostas que desviam da visão de longo prazo.

Nem tudo que reluz é oportunidade. Convites para parcerias, propostas de produto e ideias brilhantes precisam ser avaliados segundo se aproximam do propósito, se ampliam a trajetória desejada e se contribuem para a sustentabilidade do negócio. Às vezes, um “não” recebido no momento certo pode se transformar em uma bênção futura — o importante é ter clareza do destino que se escolheu.

Como validar oportunidades

  • Voltar ao propósito e à missão do negócio;
  • Verificar encaixe com o cliente ideal (ICP) e a proposta de valor;
  • Estudar se a oportunidade contribui para monetização sustentável;
  • Evitar decisões baseadas apenas em tendências passageiras.

Plano de negócios simples: Canvas e a pergunta decisiva — onde você vai monetizar?

Roberta e os anfitriões reforçam a ideia de que um plano complexo nem sempre é necessário. Um Business Model Canvas bem preenchido resolve muitas dúvidas iniciais: o que será vendido, para quem, quais parceiros, canais de distribuição, custos mínimos e fontes de receita.

Uma pergunta que corta o ruído e revela a viabilidade real é: onde você vai monetizar? Em muitas propostas, existem produtos que são isca (lead magnets) e não pagam conta; o importante é identificar qual produto ou combinação de produtos trará receita consistente em prazos previsíveis.

Diversificação com critério

Diversificar é importante, mas deve haver coerência entre produtos e público. Montar um mix que equilibre produtos maduros (que pagam as contas) e produtos de atração (que geram pipeline) é essencial. Investidores também querem ver clareza sobre origination thesis, estrutura de vendas e como as transações serão financiadas.

Nicho, ICP e posicionamento: faça menos para ser mais relevante

Um dos conselhos mais práticos de Roberta é: encontre um nicho e defina seu ICP (Ideal Customer Profile). Quem tenta vender para Todos acaba vendendo para Ninguém. Definir um foco específico permite construir autoridade, ajustar oferta e concentrar esforços de aquisição com maior eficiência.

EFOCO: recrutamento e desenvolvimento comercial com foco em nicho

Posicionamento é outro erro clássico: começar com preço muito baixo para “ganhar mercado” pode levar à armadilha de não sustentabilidade. Se a estratégia for competir por preço, então todo o modelo operacional precisa ter escala e baixo custo. Se a estratégia for valor, a entrega precisa ser diferenciada e justificará um preço maior. Não existe fórmula mágica — existe coerência entre posicionamento, entrega e comunicação.

Começar com R$ 500 e um celular: plano prático para os primeiros sete dias

Roberta descreve um roteiro objetivo para quem tem recursos limitados. A ideia é usar recursos gratuitos ou baratos e explorar o networking orgânico:

  1. Estudo rápido de mercado: identifique dores e concorrência;
  2. Criação de identidade básica: logotipo simples e página em plataformas gratuitas ou domínio barato;
  3. Listagem de contatos: fazer uma lista das pessoas mais próximas e relevantes;
  4. Primeiro contato ativo: ligar (não só enviar mensagens) para aquecer a rede;
  5. Oferecer algo de valor: material, e-book ou uma conversa técnica gratuita;
  6. Receber feedback e ajustar a proposta;
  7. Buscar as primeiras indicações e fechar um primeiro cliente ou piloto.

O diferencial proposto por Roberta é a prática do contato primário por chamada — com permissão — e o aquecimento prévio por mensagens curtas. O protocolo atual demanda cuidado com etiquetamento (cold call etiquette) e respeito às regras de privacidade (LGPD).

Prospecção ética: warm-up, permissão e LGPD

O modelo antigo de ligar sem contexto já não funciona bem. Roberta recomenda aquecer contatos: enviar um conteúdo de valor, pedir permissão para falar e então telefonar. Isso reduz intrusão, aumenta taxa de conversão e evita desgaste. Para leads que explicitamente solicitaram contato, a chamada direta é a atitude correta; para os demais, comece pedindo licença por mensagem.

Além disso, é fundamental observar a LGPD: tratar dados pessoais com responsabilidade não é apenas obrigação legal, é sinal de governança e profissionalismo, algo que clientes e parceiros valorizam.

Governança, ESG e seriedade para pequenas empresas

Mesmo empreendimentos iniciais precisam demonstrar comprometimento com boas práticas de governança e responsabilidade socioambiental. Roberta destaca que clientes e marcas preferem parceiros sérios — que pagam impostos, tratam pessoas bem e têm transparência. Isso constrói reputação e facilita parcerias e crescimento sustentável.

Aprendizados: o erro de precificar para competir e a correção estratégica

Roberta confessa que um dos maiores erros foi trabalhar com preço demasiado baixo para ganhar mercado. Essa escolha comprometeu a sustentabilidade da empresa. A lição foi clara: o posicionamento define a estratégia operacional. Competir por preço exige escala; competir por valor exige diferenciação e comunicação que justifique o preço.

Erro e aprendizado: posicionamento e precificação

HABLA Empreendedora e HABLA FM: criando voz e visibilidade para mulheres de negócio

Além da EFOCO, Roberta idealizou a HABLA Empreendedora — um ecossistema multimídia com podcast, rádio streaming (HABLA FM) e presença em TV (Rede TV Paraná). A iniciativa busca dar voz e visibilidade para mulheres empreendedoras, reunindo conteúdo, entrevistas e histórias inspiradoras em múltiplos canais.

Para encontrar HABLA FM e conteúdo da HABLA Empreendedora, basta procurar pelos termos correspondentes em buscadores e nas principais plataformas de streaming, além de redes sociais como YouTube e Instagram.

Conclusão: respire, encontre sua grandeza e comece

As recomendações práticas de Roberta combinam um mindset de coragem com processos objetivos: conheça a si mesmo, defina propósito, escolha nicho, valide mercado, trace um plano simples (Canvas), cuide de governança e execute com ética na prospecção. Começar com pouco é possível; começar sem clareza, não.

Ela deixa uma mensagem final potente às mulheres empreendedoras: não se mutilar para caber em padrões. A grandeza começa dentro de cada uma — respire, vá fundo e dê o primeiro passo.

Perguntas Frequentes

Como saber se uma oportunidade é real ou apenas um modismo?

Use o propósito como filtro: pergunte se a oportunidade aproxima o negócio do seu why, avalie o potencial de monetização e se há mercado validado. Não se baseie apenas em tendências; valide com clientes e dados.

É possível começar um negócio com apenas R$ 500?

Sim. Com foco, é possível investir em domínio, presença online básica e usar o celular para prospectar. Priorize estudo de mercado, criação de uma oferta mínima viável e contato direto com a rede de relacionamento.

Qual a diferença entre posicionamento por preço e por valor?

Posicionamento por preço exige escala e custos baixos; por valor exige diferenciação, entrega superior e comunicação que justifique preços maiores. Cada estratégia demanda operações e metas distintas.

O que devo incluir no Canvas do meu negócio inicial?

Elementos essenciais: proposta de valor, segmentos de clientes (ICP), canais, fontes de receita, recursos-chave, atividades principais, parceiros, estrutura de custos e métricas essenciais. Mantenha simples e iterativo.

Como abordar contatos sem ser invasivo na prospecção?

Aqueça o contato com conteúdo de valor, peça permissão para falar por telefone e, ao ligar, deixe claro o contexto. Para quem solicitou contato, ligue primeiro; para os demais, prefira mensagens curtas pedindo autorização.

Por que governança e ESG importam para pequenos negócios?

Governança e práticas responsáveis aumentam confiança de clientes e parceiros, reduzem riscos legais e contribuem para reputação. Mesmo pequenas empresas se beneficiam ao demonstrar seriedade e transparência.

Onde acompanhar Roberta da Trindade e J17 Bank

Para quem quer aprofundar, acompanhe os episódios do J17 Talks e os conteúdos da HABLA Empreendedora/HABLA FM nas plataformas digitais. Roberta está disponível em redes como Instagram e LinkedIn e sua atuação explora recrutamento especializado, treinamentos comerciais e comunicação para empreendedoras.