Como a Inteligência Artificial Está Mudando a Liderança nas Empresas?

Como a Inteligência Artificial Está Mudando a Liderança nas Empresas?

No cenário atual de rápidas transformações tecnológicas, a inteligência artificial (IA) tem emergido como um dos principais motores da inovação e da mudança organizacional. Neste artigo, vamos explorar como a IA está revolucionando a liderança nas empresas, as competências necessárias para o líder do futuro e os desafios e oportunidades que surgem neste contexto. Para isso, trago insights valiosos de uma conversa profunda com Marcelo Nobrega, especialista em inteligência artificial, inovação, tecnologia e recursos humanos, que compartilhou sua experiência e visão sobre o futuro do trabalho e a revolução digital.

 

Marcelo Nóbrega especialista em IA, inovação e RH

Índice

Transformação radical e o papel da inteligência artificial nas organizações

Vivemos uma era de mudanças radicais e bruscas, onde a tecnologia avança em múltiplas frentes simultaneamente. Marcelo Nóbrega destaca que, diferentemente do passado, a mesma geração precisa lidar com várias mudanças ao mesmo tempo, o que exige agilidade e adaptação constante.

“A inteligência artificial é uma ferramenta que tem potencial monstruoso, mas se a gente não souber usar, não vai tirar o melhor proveito.” – Marcelo Nobrega

Um ponto importante é reconhecer que a IA não é simplesmente um buscador ou uma ferramenta básica, como Excel ou PowerPoint. Ela tem capacidades muito mais sofisticadas que podem ser usadas para alavancar a produtividade e também para criar soluções disruptivas que mudam as regras do jogo no mercado.

Marcelo aconselha aproveitar o talento da nova geração que já chega ao mercado com a tecnologia “embarcada” no DNA, aprendendo desde cedo a usar IA e outras ferramentas digitais. Essa geração pode impulsionar a transformação se for bem guiada e estimulada a inovar, conforme a famosa frase de Steve Jobs: “contrate gente boa e deixe que eles sejam objetivos.”

 

Everyday AI vs Game Changing AI: Eficiência e inovação

O conceito de Everyday AI refere-se ao uso rotineiro da inteligência artificial para otimizar processos, reduzir custos e melhorar a produtividade. Já o Game Changing AI é a aplicação da IA para provocar mudanças disruptivas, criando novos modelos de negócio, produtos ou serviços que atendam a necessidades ainda não percebidas.

Marcelo exemplifica com sua experiência prática há mais de uma década, quando implementou um bot no Help Desk de recursos humanos para responder dúvidas sobre CLT, políticas e benefícios da empresa. O resultado surpreendeu: houve um aumento exponencial no número de atendimentos, pois as pessoas se sentiram mais à vontade para perguntar e esclarecer dúvidas com o bot, que funciona 24 horas por dia, sete dias por semana.

“Atiramos num alvo e acertamos outros muito maiores.” – Marcelo Nobrega, sobre o impacto do bot no RH

Além da eficiência, o bot gerou dados valiosos que foram usados para direcionar a gestão de pessoas, mostrando como a IA pode ser uma aliada estratégica para entender melhor os colaboradores e suas necessidades.

 

Bot de atendimento em RH aumentando a inclusão digital

Computação quântica e os desafios da assimetria social

Outro ponto crucial abordado é o impacto da computação quântica, que promete acelerar ainda mais o ritmo das transformações tecnológicas. Marcelo compara a IA a um “asteroide três vezes maior que o Sol em direção à Terra”, que inevitavelmente vai chocar com nosso modo de trabalhar e viver.

Porém, há um risco real de que o acesso desigual a essas tecnologias crie uma assimetria social ainda maior. Países, empresas e pessoas que tiverem acesso antecipado a essas inovações terão vantagens competitivas enormes, enquanto outros poderão ficar para trás.

“A tecnologia é um instrumento que precisa ser democratizado para não virar privilégio de poucos.” – José Damigo Neto

Este alerta reforça a necessidade de práticas humanizadas e inclusivas na adoção da IA, para garantir que seus benefícios sejam amplamente distribuídos e que vieses e discriminações sejam evitados, especialmente em processos seletivos e decisões automatizadas.

O novo papel dos líderes em um mundo de múltiplas gerações e liderança distribuída

Com a tecnologia avançando e a transformação digital se acelerando, a liderança nas empresas também precisa evoluir. Não se trata mais de um modelo piramidal tradicional, baseado em comando e controle, mas de um modelo mais democrático, colaborativo e distribuído.

Marcelo e seus colegas destacam que as empresas modernas estão caminhando para modelos de autogestão e holocracia, onde o líder emerge conforme a necessidade e o contexto, e a liderança é exercida em múltiplos níveis, atendendo a uma diversidade de gerações — até seis diferentes convivendo no ambiente corporativo.

“A diversidade é a resposta para essa complexidade.” – Marcelo Nobrega

Os líderes precisam saber navegar entre diferentes estilos de liderança (como o comando e controle, coach, democrático, entre outros), escolhendo o mais adequado para cada situação. Por exemplo, em momentos críticos como incêndios, o comando e controle é essencial, enquanto em processos de inovação e desenvolvimento, a liderança colaborativa prevalece.

Além disso, o líder 7.0, conceito citado na conversa, é aquele que atua como facilitador, orquestrador de competências, catalisador de recursos e grande motivador, sempre promovendo a inteligência coletiva e valorizando a humanização no ambiente de trabalho.

Líder 7.0 e liderança distribuída na era digital

 

Competências essenciais para o talento se manter empregável na era da IA

A transformação digital e a inteligência artificial mudam não só as empresas, mas também o perfil dos profissionais que serão valorizados no mercado. Marcelo destaca que a ansiedade e a inquietação positiva são essenciais para quem deseja se manter relevante, pois o mundo está em constante mudança e exige aprendizado contínuo.

O segredo é usar a própria IA como ferramenta de aprendizado e mentoria, perguntando diretamente às ferramentas de inteligência artificial sobre como estudar, quais competências desenvolver e quais são os casos de uso mais relevantes para o seu negócio.

Além disso, o re-skilling (reciclagem profissional) é fundamental para diminuir o gap crescente entre profissionais altamente qualificados e aqueles com menos qualificação, garantindo que todos tenham oportunidades de trabalho interessantes e bem remunerados.

 

Talentos e empregabilidade na era da transformação digital

 

Humanização, humildade e futuro da liderança

Em meio a tantas inovações tecnológicas, a humanização das empresas e a humildade dos líderes são pilares indispensáveis para o sucesso. Marcelo e seus colegas reforçam que a liderança atual exige desapego do modelo autoritário e abertura para o conhecimento coletivo.

O líder do futuro não precisa ter todas as respostas, mas sim saber ouvir, integrar diferentes perspectivas e fomentar um ambiente onde a comunicação e a informação fluam livremente. O carisma, a empatia e a capacidade de motivar são características cada vez mais valorizadas.

Como bem pontuado, a “energia cognitiva” que move a sociedade hoje demanda uma abordagem que combine neurociência, ciência do comportamento e ciência dos relacionamentos, garantindo segurança e bem-estar social dentro das organizações.

“Se a gente quiser obter os melhores frutos da energia cognitiva, a gente tem que ser humano, e não artificial.” – José Damigo Neto

Conclusão: Navegando a revolução da inteligência artificial com liderança humanizada

A inteligência artificial está transformando profundamente a forma como as empresas operam, exigindo líderes capazes de navegar entre a inovação tecnológica e a complexidade humana. A liderança 7.0 emerge como um modelo contingencial, flexível e inclusivo, que valoriza a diversidade, a colaboração e o aprendizado contínuo.

O futuro é desafiador, mas promissor: a tecnologia, quando democratizada e bem aplicada, pode ampliar a eficiência, gerar novas oportunidades e melhorar a qualidade de vida no trabalho. Cabe às empresas e aos líderes atuais abraçar essa transformação com humildade, inquietação positiva e foco na inteligência coletiva.

Como ressaltou Marcelo, embora estejamos em um momento confuso e de mudanças bruscas, a experiência mostra que, com as ferramentas certas e a mentalidade adequada, sairemos dessa fase mais fortes e produtivos.

Encerramento com mensagem de otimismo sobre o futuro da liderança e IA

FAQ – Perguntas Frequentes sobre Inteligência Artificial e Liderança

O que é o líder 7.0?

O líder 7.0 é um conceito que representa um líder moderno e contingencial, capaz de adaptar seu estilo conforme o contexto, orquestrar talentos diversos, promover a inteligência coletiva e atuar com empatia e humildade para enfrentar os desafios da era digital.

Como a inteligência artificial pode ajudar a melhorar a gestão de pessoas?

A IA pode automatizar respostas a dúvidas frequentes, analisar dados para identificar necessidades dos colaboradores, personalizar treinamentos, antecipar demandas e otimizar processos, aumentando a eficiência e a satisfação dos funcionários.

Qual a diferença entre Everyday AI e Game Changing AI?

Everyday AI é o uso cotidiano da inteligência artificial para melhorar processos internos e produtividade, enquanto Game Changing AI está relacionado a aplicações disruptivas que transformam o modelo de negócio, criando novas soluções e mercados.

Quais os principais desafios da adoção da IA nas empresas?

Os desafios incluem o risco de vieses em algoritmos, desigualdade no acesso à tecnologia, necessidade de qualificação dos profissionais, integração com processos existentes e garantir que a IA seja usada de forma ética e inclusiva.

Como os profissionais podem se preparar para a era da inteligência artificial?

É fundamental manter-se atualizado, desenvolver habilidades digitais, aprender a usar a IA como ferramenta de apoio, investir no re-skilling e cultivar competências como adaptabilidade, pensamento crítico e colaboração.