Do bug do milênio ao board: unir estratégia, tecnologia e geração de demanda

A conversa com Alexandre Conte — Professor, Palestrante, Podcaster, Agente de Transformação Digital e Head de Marketing e Growth da Opus Tech — mostra como antecipação, integração entre áreas e foco no cliente deixam de ser jargões para virar prática. Sua trajetória, que transita entre tecnologia, ensino e mercado, revela um mapa de decisões capaz de transformar risco em vantagem competitiva.

A seguir, reunimos ideias práticas e frameworks discutidos no episódio, que servem como guia para gestores, líderes de TI, marketing e vendas que buscam elevar a performance das suas operações e fortalecer a cultura de inovação.

Sumário

Multicarreiras como resposta ao mercado

A carreira tradicional, linear, vem cedendo espaço a trajetórias complementares. Profissionais que acumulam experiências em tecnologia, marketing e gestão trazem recursos valiosos: visão sistêmica, agilidade para aprender novas ferramentas e capacidade de integrar times distintos. Essa mudança não é geracional, é de mercado.

A vantagem real da multicarreira aparece quando esse repertório permite antecipar problemas, traduzir demandas técnicas para linguagem comercial e montar soluções que entregam valor mensurável. Não é acumular títulos; é construir pontes entre mundos.

Bug do milênio: a lição da antecipação

Pessoa gesticulando enquanto fala em podcast, microfone central e cortina com iluminação roxa ao fundo

O episódio do famoso bug do milênio trouxe lições que valem para qualquer plano de continuidade: o trabalho preventivo reduz riscos e, quando feito bem, passa desapercebido. A conclusão é direta: se nada quebrou, provavelmente alguém fez o dever de casa.

Se o cliente ligou, você já está devendo.

Esse fragmento resume uma cultura que precisa existir em empresas que atendem clientes por suporte. A ligação do cliente é sinal de fricção. A missão é transformar fricção em oportunidade de aprendizado e ajuste de processos.

Open the gap, close the gap: inovação pela remoção de restrições

A ideia de abrir um gap, fechá-lo e então descobrir o próximo é uma leitura prática da teoria das restrições. Inovar passa por identificar gargalos e removê-los, o que inevitavelmente revela novos limites. Esse ciclo exige humildade para aceitar que "já está bom" não é sinônimo de "não pode melhorar".

Como aplicar na prática

  • Mapear o fluxo crítico da entrega e identificar o ponto de maior atraso.
  • Priorizar ações que retirem essa restrição imediatamente.
  • Medir impacto e procurar a nova restrição para recomeçar o ciclo.

Ferramenta não salva processo: CRM só funciona com gente e disciplina

Não existe "o melhor CRM" que resolva tudo. Um sistema só gera resultados quando alimentado por processos claros e por pessoas comprometidas. Dois pilares tornam uma ferramenta eficaz: processo bem definido e pessoa com disciplina.

Medir e ajustar exige curiosidade. Marketing precisa perguntar ao time de vendas o que aconteceu com cada lead. Vendas precisa retornar insights que melhorem campanhas. Sem esse loop, a tecnologia vira vitrine vazia.

Case prático: da sala de aula ao e-commerce que salva renda familiar

pessoa falando em estúdio de podcast com microfone, mãos sobre a mesa e aparelho sobre a mesa

Um exemplo concreto: durante a pandemia uma aluna seguiu provocações simples de um módulo de quatro horas e lançou um e-commerce que, meses depois, faturava mais do que as vendas semanais da feira local. A receita não veio de mágica; veio de aplicar conceitos básicos: identificar clientes já existentes, oferecer um canal digital, oferecer um incentivo inicial.

Essa história ilustra dois pontos importantes: o aprendizado aplicável e a rapidez com que tecnologia reduz barreiras de entrada para quem quer testar um modelo de negócio.

Educação que cruza a rua: transformar teoria em prática

Dois executivos em estúdio conversando de forma engajada, com microfones e mesa

Cursos e programas que levam executivos para dentro da sala de aula — e trazem professores-executivos para o mercado — aumentam a probabilidade de que o conhecimento seja usado na segunda-feira. Educação útil é aquela que provoca ações imediatas, como validar hipóteses no mercado e corrigir rumo com rapidez.

Três pilares para continuar relevante

Independente da função, há três áreas que merecem atenção contínua:

  1. Pessoas — habilidade de lidar, influenciar e mobilizar.
  2. Autoconhecimento — identificar pontos fortes e lacunas reais; ouvir feedbacks que desafiem o ego.
  3. Mercado — entender concorrência, comportamento do consumidor e regulações do setor.

Quem domina esses três eixos consegue se reposicionar com mais agilidade em cenários disruptivos.

Marketing e vendas sem muro: geração de demanda como responsabilidade compartilhada

palestrante em estúdio apontando com a mão enquanto fala ao microfone, gesto indicando direção ou foco

A separação entre marketing e vendas é uma causa recorrente de perda de oportunidades. A solução é criar um time de geração de demanda com metas compartilhadas, SLAs claros e curiosidade mútua pelo lead. Marketing deve saber de onde o lead veio e quais conteúdos consumiu; vendas deve devolver dados sobre qual lead converte melhor.

A colaboração prática pode ser simples: um designer que sai da cadeira para cobrar a prospecção sobre um lead gerado é tão eficiente quanto dashboards automáticos. O que importa é a mentalidade de responsabilidade pelo resultado final.

Do CMO ao board: por que a voz do cliente importa na governança

Conselhos e boards tradicionalmente privilegiam expertise financeira e legal. Falta, muitas vezes, uma atenção estratégica à percepção do cliente. Trazer profissionais de marketing e estratégia para o centro das decisões ajuda a responder perguntas cruciais: o que o cliente quer? Como isso afeta reputação e receita?

Muitas decisões internas (liberar permissões ao cliente, por exemplo) só se resolvem perguntando aos próprios clientes. A centralidade humana é um critério de governança que deve estar presente nas deliberações.

Checklist prático para remover um gargalo esta semana

  • Identificar um único gargalo que afeta entrega ou captação de receita.
  • Reunir stakeholders das áreas impactadas por 30 minutos para mapear causa raiz.
  • Definir ação pequena de 7 dias com responsável e métrica simples.
  • Executar, medir e ajustar; documentar aprendizado para a equipe.

O que significa "open the gap, close the gap" na prática?

É um ciclo de melhoria contínua onde se identifica uma restrição, remove-se essa restrição com ações práticas, e então passa-se a próxima restrição descoberta. A inovação se dá removendo um gargalo por vez.

Como garantir que um CRM traga resultado?

Além da ferramenta, é preciso ter processos definidos para entrada e qualificação de leads, responsabilidades claras entre marketing e vendas, e disciplina na alimentação de dados. Sem isso, o CRM vira apenas um repositório.

Quais habilidades estudar em 2025 para continuar relevante?

Desenvolver competências em relacionamento interpessoal, autoconhecimento e entendimento profundo do mercado. Complementar com noções de métricas, finanças e comportamento do consumidor amplia a capacidade de liderar iniciativas.

Como perguntar ao cliente sem complicar o produto?

Oferecer opções A e B e perguntar qual modo atende melhor; realizar testes A B rápidos; e usar feedbacks qualitativos para ajustar decisões estratégicas sem bloquear a entrega.

Conclusão

Empresários e gestores têm à disposição uma caixa de ferramentas que mistura prudência técnica, curiosidade comercial e vontade de aprender. A antecipação, a humildade para remover restrições e a integração entre marketing e vendas são ações concretas que reduzem risco e geram crescimento previsível. Priorizar pessoas, autoconhecimento e visão de mercado transforma a teoria em resultados palpáveis.